Apesar dos trabalhadores das gráficas convencionais cearenses terem feito há poucos semanas a contraproposta aos patrões do setor durante mais uma rodada de negociação no Ministério do Trabalho, o patronal manteve indefinida a atual campanha salarial que se iniciou desde 2017, pois a data-base é em 1º de janeiro. Até agora nem o reajuste salarial foi definido. Os profissionais exigem 8% de aumento. E o impasse é ainda maior sobre os históricos direitos da classe, ameaçados pela exigência empresarial que busca destruí-los com base na nova lei do trabalho. Em assembleia recente no Sindicato obreiro (STIG-CE), a classe reavaliou o pleito patronal, opondo-se integralmente e parcialmente a vários itens.
O sindicato patronal recebeu a demanda e ficou de responder até dia 24 – data que está agendada outra mesa no Ministério. Se não for aceita a contraproposta dos trabalhadores com 23 condições específicas, muito dificilmente terá Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) em 2018. “Caso os patrões endureçam a negociação, é preferível abrir mão da CCT e partir para acordos coletivos com as gráficas individualmente”. Este foi o teor da deliberação dos gráficos na assembleia, feita no início de junho.
Entre os pontos que os trabalhadores não aceitam de forma nenhuma é o contrato de trabalho intermitente e o fim da homologação da rescisão. A classe também não quer ouvir falar em ampliação da jornada laboral. E muito menos em alteração no intervalo para refeição e sobre as horas extras. Em relação a compensação de horas de trabalho e o serviço aos domingos e feriados, apenas através de Acordo Coletivo de Trabalho. O mesmo encaminhamento referente a jornada no modelo 12 x 36 horas.
“A categoria não abre mão de proteger seus direitos adquiridos antes da reforma trabalhista, como por exemplo, a obrigatoriedade de realizar as homologações das rescisões de contrato dos associados no sindicato”, comentou o presidente do STIG durante a última rodada de negociação com o sindicato patronal das indústrias gráficas convencionais.
A Confederação Nacional dos Gráficos (Conatig), entidade que o STIG Ceará é filiada, acompanha a situação, repudia a posição empresarial e se coloca solidária ao sindicato e aos profissionais. “A categoria não tem porque aceitar legitimar a atrasada nova lei do trabalho na sua CCT. Se o patronal quer aplicá-la que assim faça sem a legitimação dos gráficos”, diz Leonardo Del Roy, presidente da Conatig. Ele, porém, critica a ação dos patrões em insistir na flexibilização dos direitos dos trabalhadores, que são a parte mais importante da produção e que merece valorização. O setor gráfico cearense tem um dos parques mais modernos do Brasil com profissionais qualificados e, ainda assim, atacam direitos da classe.